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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Crianças ansiosas demais – cuidado!

Inquietude, irritabilidade, dificuldades alimentares, birra, insatisfação, dificuldades de atenção. Estes podem ser os resultados acarretados pelo excesso de ansiedade nas crianças, um problema que vem aumentando no Brasil.

O número de crianças brasileiras ansiosas demais aumentou 60% nos últimos dez anos, de acordo com um levantamento realizado pelo Centro de Atendimento e Pesquisa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (Capia), da Santa Casa do Rio de Janeiro.

No mundo todo, segundo a Associação Americana de Transtornos de Ansiedade, de 9% a 15% da população de 5 a 16 anos de idade sofrem desse mal. Por que essas crianças estão se tornando tão ansiosas, tão cedo? Para especialistas em Desenvolvimento Infantil, os estímulos recebidos na primeira infância (período de 0 a 3 anos de idade) ajudam a responder essa questão.

Por isso, pais e mães devem estar atentos! Confira a seguir a entrevista com o Dr. Saul Cypel, neuropediatra da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal sobre o assunto.

- Quais são especificamente os estímulos que podem fazer as crianças crescerem com tanta ansiedade? Brigas entre o casal, expectativa dos pais diante das notas dos filhos, por exemplo?

Dr. Saul – A ansiedade em níveis adequados é saudável e mobiliza o indivíduo nas suas atividades diárias. Torna-se exagerada quando a criança desde os seus primeiros anos de vida não foi incentivada a seguir regras, a atender aos limites do que pode ou não, a entender que nem todos os seus desejos podem ser satisfeitos, mostrando-se deste modo inábil para lidar com as frustrações. Precisa ir aprendendo com seus pais principalmente as habilidades do dia a dia como, por exemplo, banhar-se, vestir-se, arrumar seu quarto e sua mala de escola, com isso adquirindo autonomia. Quando isto não ocorre, a criança despoja-se destes recursos e ficará receosa diante de novas solicitações, o que lhe gerará insegurança e ansiedade exagerada. Certamente, expectativas dos pais com relação à produção escolar também fomentarão uma ansiedade maior, assim como outras atividades excessivas ou exageradas. O ambiente familiar seguro, no qual os pais se respeitem e lidem de modo adequado com as dificuldades naturais da vida, será mais acolhedor para as dificuldades da criança, mostrando e ensinando-a como lidar com as adversidades que possam estar ocorrendo, o que lhe irá atenuar e permitir uma melhor lida com a ansiedade.

- O que caracteriza a ansiedade nas crianças? Com que tipo de comportamento elas demonstram esta ansiedade?

Dr. Saul – As expressões de ansiedade na criança ocorrem de modo diferente nas várias idades. Nos bebês e lactentes poderemos observar choro freqüente, dificuldades no sono e alimentares. Já na criança maior, com 2 a 3 anos, verificamos inquietude, solicitação freqüente do adulto, irritabilidade, dificuldades alimentares, não atendimento a regras com episódios de birra. Já com 5 a 6 anos, verificamos curta atenção com permanência limitada e troca freqüente de atividades, inquietude, não respeito à privacidade do outro, insatisfação e insegurança. Nos escolares, acima de 7 anos, observam-se dificuldades na atenção, principalmente para tarefas de rotina e escolares, inquietude, rapidez exagerada e displicência em suas atividades, dificuldades na socialização, etc…

- Quais as consequências do excesso de ansiedade nas crianças? Elas podem tronar-se jovens e adultos inseguros? Podem desenvolver algum tipo de patologia? Podem apresentar, por exemplo, tiques nervosos ou manias como roer as unhas?

Dr. Saul – A ansiedade exagerada poderá trazer diversas repercussões prejudiciais para o desenvolvimento do indivíduo. Sabemos que, do ponto de vista neurobiológico, a ansiedade interfere na boa organização futura dos circuitos cerebrais limitando a interrelação dos neurônios. Isso irá trazer prejuízos de ordem funcional prejudicando a capacidade para pensar e de avaliar as condições mais complexas que a vida irá lhe exigir. Os tiques são uma expressão de ansiedade elevada, mas poderão ocorrer várias formas de psicopatologias de severidade muitas vezes complexa.

- Qual o papel da mãe especificamente nessa questão, já que elas, normalmente, são as que passam maior parte do tempo com os filhos pequenos e mantêm certa “conexão” psicológica com eles. Se gritam muito quando ficam nervosas, por exemplo, ou se são calmas demais, como acabam influenciando na ansiedade infantil?

Dr. Saul – A mãe e também o pai são figuras fundamentais para a criança, pois são eles que vão moldar o seu desenvolvimento. É importante que se informem, seja por meio de profissionais e mesmo de leituras especializadas, de como se dá este desenvolvimento e que função desempenham neste processo. A adequação das suas atitudes, o acolhimento das necessidades, a convivência com a insegurança e o prazer, o manejo com os desejos e a frustração, são situações com as quais estarão lidando diariamente e, com certeza, estarão oferecendo aos seus filhos a oportunidade deste aprendizado que, no futuro, lhes deixará em condições de conviver e lidar com as situações de maior complexidade.

- Qual o estímulo correto que a criança deve receber para não tornar-se ansiosa além da conta?

Dr. Saul – Estímulos que podem ser propostos: participação tanto de mãe e pai no processo de desenvolvimento da criança; colocação de regras e limites; acolhimento adequado para as ansiedades (medos, insegurança); boa tolerância à frustração; programas individualizados com cada filho. Inserir o pai nestas atividades; incentivar a autonomia saudável.

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