HELOÍSA NORONHA
Colaboração para o UOL
Colaboração para o UOL
Como maneira de agradecer o destino, a sorte ou, quem sabe, a oportunidade de ter uma vida melhor homens que foram adotados na infância, como o psicólogo Ismael Ferreira Santos, de 38 anos, resolveram não encerrar em si esse ciclo de carinho. Como? Adotando também.
O auxiliar de escrita fiscal Josué Ribeiro da Silva, 44 anos, de Cubatão (SP) foi adotado por uma amiga da mãe quando ainda era bebê. Ele descobriu a história de sua origem por terceiros e sofreu muito com a situação. Sua mulher, a dona de casa Janice de Jesus Silva, 42, conhecia a mãe biológica do marido e tratou de ajudar a selar a paz entre eles. "Hoje convivemos todos numa boa", garante.
O casal, que sempre gostou de crianças, não pôde ter filhos pois Janice precisou retirar o útero. Com isso, a decisão de “encontrar um filho do coração” não demorou a ser tomada: Cauã, 3 anos, entrou para a família ainda bebê. Como os trâmites para sua adoção demoraram, os dois acabaram se encantando por outro garotinho do mesmo abrigo. “Ele veio passar o Natal e o Ano Novo com a gente. Nos apaixonamos e decidimos adotá-lo também”, explica Josué. Sorte de Jorge Luiz, hoje com 5 anos.
Para o pedagogo mineiro Roberto Carlos Ramos, 45 anos, cuja vida se transformou no filme “O Contador de Histórias” (2009), de Luiz Villaça, todo mundo pensa que adotar é mudar a vida de uma criança. “Não é. É aquela criança que transforma a sua existência de uma maneira inimaginável. Acredite: você recebe em dobro todo o amor e afeto que dá”.
Anos mais tarde, já formado em Pedagogia, ele fez estágio justamente na instituição em que havia passado a infância. “A história se repetiu. Conheci um menino problemático, complicado mesmo. Acabei levando-o para fazer um lanche em minha casa e ele nunca mais saiu de lá”, conta Roberto Carlos que, tempos depois, também adotou o irmão do garoto. “Decidi educá-los e prepará-los para o mundo”.
Ao todo, ele tem 25 filhos adotivos. “E já sou avô de coração de quatro netinhos”, conta, orgulhoso. A prole toda mora em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, e sempre se reúne. “Sou realizado, porque vejo que meus filhos são homens de bem e felizes. Agora posso aproveitar para namorar um pouquinho”, brinca ele, que nunca teve tempo para se casar.
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