28.05.10 - MUNDO
Tatiana Félix ( Jornalista da Adital )
Enquanto as seleções de futebol e torcedores de todas as partes do
mundo se preparam para acompanhar os jogos da Copa do Mundo de Futebol
na África do Sul, entidades que atuam em prol dos direitos humanos
trabalham para alertar pessoas sobre os perigos da atuação das redes
de crime organizado, que aproveitam de ocasiões como esta para captar
mais vítimas.
Faltando apenas duas semanas para o início do evento na África, a
movimentação de pessoas já se intensifica, assim como o alerta. E o
tráfico de pessoas é o que mais tem preocupado organizações da
sociedade civil que acreditam que eventos esportivos mundiais pode ser
uma ocasião propícia para a atuação dos aliciadores.
O tráfico de seres humano se caracteriza, primeiramente, pela
enganação, com base em falsas promessas de trabalho. Em seguida, a
pessoa traficada se vê vítima de um esquema que a faz trabalhar até a
exaustão para pagar "dívidas" de transporte, alimentação e abrigo.
Este crime é considerado a escravidão dos tempos modernos, pois fere a
dignidade do ser humano, tirando a liberdade do indivíduo.
Desde o início do ano, a Rede de religiosas Um Grito pela Vida e a
Rede Internacional Thalita Khum, fazem campanha para alertar e
prevenir torcedores e população, sobre os perigos deste tipo de
tráfico. A preocupação se justifica justamente porque o crime atua de
forma obscura e silenciosa, fazendo cada vez mais vítimas.
Mas, uma especialista do Instituto de Estudos de Segurança da União
Europeia afirmou que não há motivo para preocupação. Segundo Chandre
Gould, não existe nenhum dado confiável que prove a existência ou
aumento do tráfico de pessoas em eventos esportivos.
Irmã Gabriella Bottani, integrante da Rede um Grito pela Vida, que
atua na prevenção e combate ao tráfico de pessoas, rebateu a
declaração da especialista e disse que "o que é certo é que dados
concretos não existem, porque ninguém tem". Mas, esclareceu que a
partir de avaliações dos casos atendidos, é possível identificar a
ocorrência do tráfico e a forma como o crime atua. Além disso, é
importante lembrar que muitas vítimas não denunciam, já que recebem
constantes ameaças.
Na última Copa, realizada na Alemanha em 2006, ainda não existia uma
observação mais aprofundada sobre o tema. No entanto, pela primeira
vez, será promovida uma investigação nas cidades-sede da Copa, para
avaliar se o evento desencadeia um aumento da oferta e da demanda na
área da prostituição, que em alguns casos, pode ter vítimas do
tráfico. A exploração sexual de mulheres e crianças é uma das
principais atividades do tráfico de seres humanos.
Para irmã Gabriella, mais importante do que saber os dados da
ocorrência deste delito ou se o crime vai aumentar ou não, é o
trabalho de prevenção. "É sempre positivo informar e alertar sobre um
crime em um evento de grande impacto como a Copa, para sensibilizar a
população", afirmou.
A Copa na África do Sul será a primeira oportunidade para observar se
existe de fato um aumento de casos de tráfico humano em eventos
esportivos mundiais. A investigação deve ser feita por uma
universidade de Joanesburgo, capital do país sede da Copa 2010.
http://www.adital.com.br/hotsite_trafico/noticia.asp?lang=PT&cod=48152
Repassado por:
Leide Manuela Santos
Winrock Internacional do Brasil
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