A reportagem que segue abaixo, causou-me profunda comoção.
Chorei mesmo, ao ver a alegria da volta, do retorno ao lar e do completar.
Situação esta, que já presenciei muitas vezes em minha vida.
Não há palavras para expressar esta situação, a não ser relatar.
Uma coisa não podemos nos conformar.
É que esta pessoa que sequestrou fique impune.
Com certeza há condições de indentifica-la e fazê-la pagar pelo seu crime.
Onde ela está?
Com a palavra, nossas autoridades:
Ed
ELIDA OLIVEIRA DE SÃO PAULO
Ela foi sequestrada aos sete meses de vida. Chegou a ser adotada. Voltou para uma das várias casas de assistência social por onde passou. Fugiu 29 vezes. Morou nas ruas. Nesta semana, finalmente achou o que sempre queria: sua família.
Essa é a saga de Maíra Luiza Bueno, 15. A história começou em 1995, quando Maíra foi sequestrada em Piraquara (21 km de Curitiba). A avó Maria da Penha Paulino, hoje com 57 anos, diz que foi a vizinha que levou o bebê.
Ela e a mãe, Andreia Amália Bueno, hoje com 36, trabalhavam como ambulantes no centro de Curitiba e sempre deixavam Maíra e a certidão de nascimento da criança com a vizinha, caso ela precisasse levá-la ao posto de saúde numa emergência.
Numa certa noite, ao voltar do trabalho, a avó encontrou a casa da vizinha fechada. Desconfiou que algo estava errado e confirmou os maus presságios depois: a mulher havia sumido com a neta, sem deixar notícias.
Três anos depois, Maíra foi abandonada --não se sabe por quem-- num abrigo em Presidente Prudente, no interior de SP e a 582 km de Piraquara. E foi adotada.
Mas a menina não se deu bem com a nova família. As discussões eram constantes e, aos 12 anos, Maíra foi parar em um abrigo. Na sua versão, fugiu. O abrigo diz que ela foi deixada pelos pais adotivos.
Rotina de Fugas
Maíra iniciou uma série de fugas --foram 29. Ela conta ter passado noites na rua, com fome e frio. Há dois anos, sua sorte começou a mudar. Uma ordem judicial determinou que ficasse no Centro de Referência da População Migrante de Rua, em Presidente Prudente.
A coordenadora do centro, Avelina Campos, e a educadora Edmeia Arenales passaram a investigar qual era, afinal, a família de Maíra. Cruzaram dados da certidão de nascimento dela com os de diversos bancos de dados.
O documento, que foi roubado pela sequestradora com a menina, facilitou o crime e o trânsito entre Estados, mas foi também o elo principal para o reencontro.
Campos e Arenales encontraram o nome da avó de Maíra cadastrado no programa Bolsa Família, em Campo Largo (PR), onde mora.
Acionaram a prefeitura da cidade, que indicou o conselheiro tutelar Jorge Luiz do Nascimento, 46, para continuar as buscas. Foi ele quem comprovou que se tratava de fato de avó e neta.
Maíra diz que não se lembrar de muita coisa. Sabe apenas que foi deixada no abrigo por uma loira que se dizia sua mãe e que prometia voltar para buscá-la.
O reencontro tão esperado aconteceu na manhã da última quarta-feira, no abrigo, em Presidente Prudente. Houve choro e abraços. "Foi emocionante", diz a menina. "Era a única que faltava para a nossa família ficar completa", afirma a avó.
Novo endereço
Desde ontem (28), Maíra tem um novo endereço. Mora em uma casa simples com avó, mãe (que não teve outros filhos), tios e primos em Campo Largo. A readaptação será acompanhada de perto por assistentes sociais da cidade.
"Era exatamente o que eu imaginava: uma família grande, com primos e um tio engraçado. Não existe amor maior do que o da família de verdade", diz Maíra.
Jonas Oliveira/Folhapress
Ao lado da avó, a adolescente que foi sequestrada há 15 anos no interior de São Paulo
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