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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Guerra Pela Liberdade das Mulheres na Índia é Anunciada
Inspiração para as vítimas de uma terra violenta
Nilanjana S. Roy
Nova Déli (Índia)
Sempre que Ojas Suniti Vijay apresenta sua peça solo “Le Mashale” (A carregadora da tocha), seja em uma recente conferência de paz nos Estados afetados pela insurreição no nordeste da Índia, ou em faculdades em Nova Déli, a plateia se encolhe no mesmo ponto. É quando Ojas diz a fala que declara como as mulheres têm sido tratadas pelas forças de segurança no Estado de Manipur, durante um conflito que já dura décadas, marcado por incidentes de abuso sexual e estupro: “Apenas um pedaço de carne com dois seios redondos e uma vagina”.
“Le Mashale” conquistou um status cult ao longo de dois anos em exibição no circuito de teatro independente da Índia, chamando atenção para a mulher que a peça celebra, Irom Sharmila –a líder inspiradora cuja história testemunha a coragem que as mulheres têm demonstrado diante da luta armada por uma maior autonomia do nordeste etnicamente distinto e de uma ocupação militar frequentemente controversa.
Neste mês, o primeiro-ministro Manmohan Singh celebrou o que ele chamou de “tendência de diminuição da violência e das vítimas” no nordeste. Vários meses antes, outro marco foi observado. O dia 4 de novembro de 2010 foi o 10º aniversário do início da greve de fome de Sharmila, em resposta às mortes de civis pelos militares na região. Aquele que visava ser um jejum até a morte foi prolongado por uma década de alimentação forçada.
Sharmila tinha 28 anos em novembro de 2000, quando a morte a tiros de 10 civis no vilarejo de Malom abalou Manipur, um Estado com uma longa história de confrontos entre as forças armadas e os insurgentes. Um grupo de rebeldes atacou um comboio dos Fuzileiros de Assam; os soldados retaliaram abrindo fogo contra pessoas em um ponto de ônibus.
Sharmila iniciou seu jejum, uma forma de protesto popularizada na Índia por Gandhi durante a luta pela independência do domínio britânico. A principal exigência dela era a derrubada da Lei (de Poderes Especiais) das Forças Armadas de 1958, que é usada com frequência para detenção de moradores locais sob suspeita de estarem ajudando os grupos rebeldes. Relatos de tortura, desaparecimentos e mortes eram comuns, com as mulheres sendo pegas com frequência no fogo cruzado de insurgentes e militares. Há muito tempo criticada por grupos de direitos humanos, a lei amplia o poder das forças armadas para realizar buscas, prender e, em algumas circunstâncias, empregar força letal contra civis.
A greve de fome de Sharmila para conseguir apoio para derrubada da lei a colocou em conflito direto contra o Estado indiano. Ela passou grande parte da década seguinte sob custódia judicial por “tentativa de suicídio”, detida em hospitais em Nova Déli ou Imphal e alimentada à força por meio de sondas nasais.
Apesar de sua campanha ter atraído inicialmente pouca atenção, ela se tornou desde então um símbolo de resistência, com seu nome invocado por escritores como Mamang Dai e Arupa Kalita Patangia sempre que a questão da insurreição, direitos da mulher ou a derrubada da lei é citada.
Foi em 2004, após a morte e aparente estupro de Thangjam Manorama pelas forças de segurança, que Manipur viu seus protestos mais espantosos –e Sharmila despontou como ícone de resistência pública. Em julho de 2004, o corpo crivado de balas de Manorama foi encontrado em um campo próximo de seu vilarejo, após ela ter sido detida para interrogatório por membros dos Fuzileiros de Assam.
Essa descoberta foi seguida por uma das manifestações mais notáveis na história recente do nordeste. Várias mulheres idosas se despiram diante do quartel-general dos Fuzileiros de Assam, carregando uma faixa que dizia: “Exército Indiano, Nos Estupre”.
Uma das mulheres, L. Gyaneshori, foi citada como tendo dito: “As mulheres de Manipur foram despidas pela AFSPA”, usando as iniciais da lei de poderes especiais. “Nós ainda estamos nuas.”
No mês passado, Sharmila anunciou que permaneceria em sua greve de fome até que o governo revogue a lei.
Na mesma época em que defensores da paz e dos direitos da mulher observavam o 10º aniversário do jejum de Sharmila, Binalakshmi Nepram avaliava outros aspectos dos danos infligidos por décadas de conflito.
“A violência contra as mulheres está crescendo devido à continuidade do conflito”, disse Nepram, que morou e trabalhou em Manipur e Nova Déli na última década. Em 2007, ela fundou a Rede de Mulheres Sobreviventes de Armas de Manipur para auxiliar as vítimas da violência contra as mulheres, que ela diz ser rotineiramente cometida pelo Estado e pelos grupos insurgentes, ou que deriva da proliferação de armas de fogo que acompanhou a turbulência.
O ímpeto para Nepram foi um incidente em 2004. Um homem de 27 anos foi arrastado para fora de sua oficina auto elétrica e morto por três homens armados não identificados. Nepram e outros ajudaram a viúva dele de 24 anos a reconstruir sua vida com a doação de uma máquina de costura, e nascia a ideia para a rede de sobreviventes.
Por meio de seu trabalho ela concluiu que o envolvimento das mulheres na promoção de mudanças sociais e paz é fundamental.
“Não é possível paz e processo de paz sem o envolvimento ativo das mulheres, tanto nos vilarejos quanto na mesa de negociação”, ela disse.
Temsula Ao, que escreveu sobre os efeitos da violência no nordeste em uma coleção de contos chamada “These Hills Called Home”, concorda. “Ninguém nos dará a paz”, ela disse. “Nós mulheres temos que buscá-la nós mesmas.”
Diante da figura de uma mulher em um leito de hospital, sendo mantida viva à força, e de mulheres como Nepram, em busca de formas de neutralizar a violência, as mulheres desta geração do nordeste estão prontas para lutar pela paz que tanto desejam.
Tradução: George El Khouri Andolfato
PS. No ano de 2010 o Pastor Joel Stevanatto da Igreja OBPC do Mandaqui -SP, fez uma campanha através da venda de um livro chamado "Liberdade aos Dalits".
O valor arrecadado foi destinado a construção de uma escola para 400 crianças Dalits ao Norte da Índia, justamente na zona onde ocorre estas atrocidades as barbas do mundo.
A escola, cujo nome será "Missionário Manuel de Mello" será construída para dar um suporte as famílias Dalits, para que seus pais não tenham mais que vender seus filhos para a escravidão e prostituição.
ESTE LIVRO PODE SER ADQUIRIDO ATRAVÉS DESTE BLOG, É SÓ CLICAR NO BANNER AO LADO ESQUERDO E VOCÊ TAMBÉM PODERÁ AJUDAR A SALVAR UMA CRIANÇA DALIT.
LIBERDADE AOS DALITS
Ed
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